E na minha rua, a chuva passou
levando as coisinhas que tinha dentro de mim
em uma pequena bolsa de consideração
com enfeites de rosas, perfume de gym.
O cheiro de chão molhado, misturado
com a poeira e os olhares de todo dia
e o cheiro do sapato de pisar na poça vazia,
pois o sol que veio já a secou.
E essa laminha, melequinha que ficou
sujou a vala, o buraco e calçada
destruiu o jardim e apagou as pegadas
do ladrão e da vizinha
...quem vai saber.
Aquela flor que restou, danificada.
sem pétalas e desperfumada
ainda assim é flor.
E na minha flor, a chuva passou.
Dentro da bolsa tinha um cordão
de amarrar caquinhos e fazer cor,
um guarda-letras, compacto, com arruma-dor
um coração quebrado e uma cola-bastão.
Dentro da bolsa tinha uma moça
que agora está sem pertences e molhada
que perdeu um amor, perdeu a fala
e o medo de dizer que não faz falta.
Eu vejo o sorriso de quem passa
e a limpeza do meu coração.
Sorrindo, eu observo da sacada
a chegada do verão.
Lindo, cheio de ternura. Adorei!
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