quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Depois da chuva

E na minha rua, a chuva passou
levando as coisinhas que tinha dentro de mim
em uma pequena bolsa de consideração
com enfeites de rosas, perfume de gym.

O cheiro de chão molhado, misturado
com a poeira e os olhares de todo dia
e o cheiro do sapato de pisar na poça vazia,
pois o sol que veio já a secou.

E essa laminha, melequinha que ficou
sujou a vala, o buraco e calçada
destruiu o jardim e apagou as pegadas
do ladrão e da vizinha
...quem vai saber.

Aquela flor que restou, danificada.
sem pétalas e desperfumada
ainda assim é flor.
E na minha flor, a chuva passou.

Dentro da bolsa tinha um cordão
de amarrar caquinhos e fazer cor,
um guarda-letras, compacto, com arruma-dor
um coração quebrado e uma cola-bastão.

Dentro da bolsa tinha uma moça
que agora está sem pertences e molhada
que perdeu um amor, perdeu a fala
e o medo de dizer que não faz falta.

Eu vejo o sorriso de quem passa
e a limpeza do meu coração.
Sorrindo, eu observo da sacada
a chegada do verão.

Um comentário:

Deixe sua alegria após o sinal, biiiiiiiip!