Enquanto a água quente acariciava seu corpo, seus olhos fechados olhavam pros pensamentos de tudo o que acontecera no dia, como um filme retrospectivo diário. Olhou fundo pra si mesma e sentiu alguma coisa errada em seu coração. Um zumbido estranho começou a gritar em seus ouvidos. Levou as mãos a cabeça e Ai, seu corpo começou a contorcer, sua boca a soltar pequenos gemidos e depois berros de dor e suas mãos em seu peito e um barulho maquinal oriundo do seu coração e a respiração ofegante e ofegante e não respirou. Agarrou as paredes que tentaram lhe dar as mãos, mas caiu antes, se jogou e cansou de sofrer.
Pensou que tinha morrido, mas não. Pôs a mão no peito e voltou a respirar. Profundo e intenso. Coisas do coração. Mais tarde eu soube que naquele dia, o seu coração tinha girado 180 graus, inversão. A cavidade esquerda virou a direita e assim o contrario. Seu coração mudou de posição. Alguns dizem que é por causa dos genes alienígenas, outros dizem que é porque se ama demais. Alguns falam que o coração, por ter vida, fica cansado de trabalhar na mesma coisa, outros dizem que isso é coisa de bruxaria da boa. "A gira cardíaca", chamam os médicos impressionados. Ela se sentiu diferente depois daquele dia e seu batimentos também trocaram de lugar. Agora o seu coração bate ao contrário, livre da escravidão dos sentimentos inacabados...
Esse texto não é exatamente novo, escrevi em algum mês deste ano, não sei. O achei perdido nas minhas memórias e resolvi resgatá-lo. Imagine ter o coração a mecânica de uma roda, como já dizia o Mestre Caeiro, esse comboio de corda...