sábado, 28 de março de 2009

Nublado


Tudo gira e conspira a favor do tempo
e hoje tudo parece estar nublado.
Quantos certos serão necessários para acertar o errado?
Eu juro que miro certeiro,
mas a minha mira pode estar do outro lado
que os meus olhos não conseguem alcançar.
Eu não arrisco a dizer que está tudo bem.
Pois eu não controlo meus impulsos
e a vontade que eu tenho de acertar é incandescente.
Eu não me orgulho de não trazer o sol pra perto de mim.
Mas toda causa tem seus sacrifícios.
Eu não me importo que meu coração seja amputado,
desde que o sangue dele derramado
alimente os que não têm amparo.
Espero que o calor traga respostas
e clareie a visão sem reparo.
Porque hoje, tudo parece estar sem girar
em favor do tempo que conspira com o nublado.

quarta-feira, 25 de março de 2009

O MEU Direito


Por voltar à vida acadêmica, eu criei esse blog para servir como uma “válvula de escape”. Postar minhas poesias, textos complicados e imperfeitos e algumas fotos. Blog este que eu (intrometidamente) fiz chamar de P.arte. Que seria a conjunção de poesia e arte, brincando com a palavra parte. Pensando nisso, perguntei-me: “Mas o que é arte?”. Essa resposta, curiosamente, eu não soube conceituar.

No meu mundo, eu tive que aprender a conceituar tudo, mas, principalmente, questionar tudo. Primeiro começa-se com: O que é o Direito? Logo, o que é Estado? Como uma pergunta puxa a outra, minha cabeça começou um bombardeio de: o que é a norma? O que é a regra? E a lei? São iguais? Diferentes? Qual é a diferença? O que é direito positivo? Subjetivo, objetivo ou costumeiro? O que é a constituição? Os princípios?Entre milhões de outras perguntas.

Eu estudei todos esses conceitos, mas confesso que definir precisamente todos, eu não sei. Mas se perguntarmos para os Ministros do Supremo Tribunal Federal, eles sabem na ponta da língua. Se perguntarmos pro presidente da Câmara, ele sabe de cor. Se perguntarmos par tantos outros que movimentam a máquina jurídica com responsabilidades do mais alto escalão, eles saberão.

Agora, se eu perguntar pra manicure do lado de casa, pro pedreiro ou pro morador de um albergue eles, salvo exceções, não saberão. Eles sabem o que é fome, o que é dificuldade pra chegar a um lugar com o transporte público, o que é viver de um salário mínimo e não ter dinheiro do 15º dia útil, o que é ter que agüentar quieto o patrão que humilha e fere sua dignidade, o que é ficar na fila pra poder comer sem gastar muito, etc.

Certamente, se perguntar para os citados no terceiro parágrafo se eles sabem conceituar esses problemas sociais, eles não saberão. Podem tentar enrolar, mas com exata precisão que uma definição exige, não. Desta forma eu pergunto: O que é mais importante? Se o Direito retrata a realidade social, onde a sociedade formula leis para viver em harmonia ao encargo de todos darem um pouco de sua liberdade em troca de serviços públicos estatais, porque interessa saber todos aqueles conceitos se a realidade não é conhecida por aqueles que deveriam conhecer? E pior, os mesmo não se interessam em saber. O Direito pra mim está além dos conceitos e teorias, prazos ou burocracias. Direito é ser direito, estar direito e ter os seus direitos. Desculpe, doutor, mas você fica com seus conceitos que eu fico com o meu direito.

domingo, 22 de março de 2009

"Se" não existe ponto


Estava andando na paulista, parei na faixa de pedestres esperando o bonequinho ficar verde enquanto os carros se exibiam pra mim rapidamente. Senti um cheiro tão ruim, azedo, seboso que logo pensei: Meu Deus, que cheiro é esse?! Quando olhei pra trás eu vi que se tratava de um homem maltrapido e descabelado.

Eu não sei se esse homem era o mundo ou se o meu nariz era o preconceito. 

Vocês sabem qual foi minha reação e eu não me orgulho desse Tudo que é o Todo, talvez fosse diferente se..."SE" não existe.

sexta-feira, 20 de março de 2009

A atração e a gravitação


Este trecho abaixo exposto é uma nota de roda pé do livro "Dos delitos e das penas" de Cesare Beccaria. Ele está falando do crime de adultério (que nosso ordenamento jurídico não é mais crime), onde ele tenta explicar o porquê do adultério dizendo que é um crime observado sob o ponto de vista político e que é comum uma vez que tem como prisma a atração que os dois sexos sentem um pelo outro.
Eu não quero discutir a traição aqui, deixo essa discução pra outro dia (quem sabe quando estiver doendo em mim). O que quero é mostrar a bonita comparação da atração sexual humana com a gravitação universal que ele faz. Vejamos:

" Essa atração, parece em muitas coisas com a gravitação universal. A força dessas duas causas diminuem com a distância. Se a gravitação altera os movimentos dos corpos, a atração natural de um sexo por outro atinge todos os movimentos da alma, enquanto perdurar sua atividade. Tais causas são diferentes pelo fato de que a gravitação se coloca em equilíbrio com os obstáculos que acha, enquanto a paixão do amor adquire com os obstáculos mis força e vigor."

Aqui ele dá o mesmo sentido a atração natural com a paixão do amor. Ao meu ver, toda paixão tem atração natural, mas nem toda atração natural tem paixão. E se formos pensar no que sentimos quando se é atraído por alguém, no descontrole que temos sobre nossa razão quando estamos "doentes desse mal (ou bem)" fica quase perfeita comparação com com a gravitação universal. Da mesma forma que a maçã sente uma atração natural pela terra, nós seres humanos temos por nós mesmos.

domingo, 15 de março de 2009

As regras


Aos controladores do coração.

Limita-me, a minha significância em ti.
Encubra todas as andanças por ai.
Não me misture no seu copo com gelo
não me dê apego, me dê sossego.

Insista em se fixar em mim,
mesmo quando não está em si.
Não desista de me ter na mão,
sejam os seios, anseios ou o perdão.

Leve-me aos lugares arejados,
mas não me dê muitos cuidados.
Não desgaste meu novo rosto
com tanto desgosto desavisado.

Habilite-me ao seu coração efêmero,
e anexe o meu amor permanente.
 O seu volátil ser, que amo a esmero,
na minha essência conjugalmente.

Eu te dou as regras e fico com as rédeas.
Eu te faço ausente do displicente.
Verás em mim, motivos afins
para ser seu começo, meu meio, nosso fim.


domingo, 8 de março de 2009

Mulher

Aos seres de estrutura perfeita e magnitude esplendorosa. Dotadas de sensualidade e sabedoria, paciência e racionalidade. A nós, filhas de Vênus, toda a glória e vitória neste machismo mundista. Rosas à vocês mulheres, um tributo - gratuito- a nossa existência.

Em homenagem ao dia das mulheres...

Fogo que queima,
que arde e que teima.
Em mim, nascer, queimar e arder.
Eu sou o fogo
vermelho e quente,
o mundo inteiro sente
meu corpo ferver.
Fogoso só,
perigo maior,
incendeia a mente
faz-se na gente
hipnóse verbal.
Tomo o todo
misterioso,
sou tudo o que quer
Eu Sou MULHER.


"O nascimento de Vênus"
Pintura de Sandro Botticelli e está exposta em florença, Itália.
como já falei de Vênus por aqui
deixo o link para mais informações sobre esta grande obra.
http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Nascimento_de_V%C3%A9nus

sexta-feira, 6 de março de 2009

Montanha Russa de Estimação


Quando montei no carrinho, papai e mamãe disseram: “que coisa mais fofa!”. O meu instinto de sobrevivência verificou se a trava estava funcionando e se o cinto era de segurança mesmo. Minhas mãos se agarraram ao apoiador como se cola tivessem.
Logo, os parentes vieram visitar trazendo delicados mimos, repetindo o mesmo discurso que meus pais. Com isso e com o tempo o carrinho foi subindo e com ele minha delicada auto-estima. Não se sabe muito bem porque, mas o meu coração avisava que tudo que sobe uma hora cai, é a lei maior. Ora se não caiu.
Eu costumava ser uma criança bonitinha. Cabelo bom, franja na testa e um doce sorriso inocente. Até eu entrar na escola e descobrir que eu era a mais alta da turma. Aquela que sempre fica com os meninos na fila sendo chamada de “saracura”, enquanto as outras meninas ficavam de mãos dadas com a professora. Foi ai que eu vi que o carrinho começava a cair. Pegou velocidade mesmo quando eu me olho no espelho na hora de ir pra escola e vejo que era banguela. Mas banguela de um dente da frente. Só faltava ser coxa.
Mas nem tudo estava perdido. Virando a curva depois da longa descida comecei a sentir um friozinho na barriga, estava na adolescência. Meu corpo começou a mudar, comecei a ter formas esculturais e os garotinhos começaram a notar a minha presença. Eu sentia que o carrinho estava a subir novamente. Ainda quando se encontra o primeiro amor, o primeiro beijo. Tudo parece um conto de fadas. Até o cabelo começar a dar trabalho, o nariz crescer mais do que devia, a aparecer a primeira espinha, entre outras coisas. Meu Deus, como durou tão pouco a subida e como foi tão rápido pra logo ser comparada a um abacaxi. Pelo menos abacaxi é gostoso por dentro. Nessas horas, eu já tinha me acostumado com a descida. Soltei a mão e deixei o vento me alegrar um pouco.
Mas espinhas também passam e quando passaram eu já tinha virado uma mulher com “M” maiúsculo. Comecei a aparecer novamente pro mundo e com isso, tudo passou a subir junto com a minha auto-estima, até a malícia. Veio junto o segundo amor. Ah! Pra me conquistar disse que eu era a garota mais bonita da festa. Que ego estúpido, acreditou. Até eu escutar que ele só tinha ficado comigo por aposta e que eu era “aquela magrela estranha”. Eu nem era tão estranha assim. E “Uouu”, E lá vou eu descendo com tudo. Nessas horas tudo já é diversão, sem medos de soltar as mãos.
Eu sei que tem sido assim, uma hora eu tenho auto-estima outra tenho baixa-estima. Uma hora eu estimo demais as pessoas, outra hora eu não estimo nem a mim. Há horas que me sinto superestimada e outras que me sinto desestimada. E assim sigo nesta montanha-russa de estimação. Só sei que quando eu descer deste carrinho eu terei a certeza que vou entrar na fila novamente pra viver tudo outra vez.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Aos Marcelos de minha vida

Marcelo Marmelo
ou será Marcelo Martelo?
Mais pra ele do que pro elo
que tem o marmelo com o martelo.

Mas será que o que Marcelo Marcelo
usa chinelo amarelo?
Ou será que o Marcelo é um amarelo de chinelo?

Mas será que o Marcelo Martelo
é forte pra uma duelo?
Ou será que ele vai pro duelo armado de martelo?

Mas será que o que Marcelo Marmelo
é tão doce quanto o doce-de-marmelo?
Ou será marmelada o Marcelo?

Marcelo da cela
Marcelo do selo
Marcelo se espelha
no Marcelo do espelho

Marcelo Camelo
Marcelo Martelo
Marcelo Coelho
Marcelo Marmelo
Marcelo.