quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Depois da chuva

E na minha rua, a chuva passou
levando as coisinhas que tinha dentro de mim
em uma pequena bolsa de consideração
com enfeites de rosas, perfume de gym.

O cheiro de chão molhado, misturado
com a poeira e os olhares de todo dia
e o cheiro do sapato de pisar na poça vazia,
pois o sol que veio já a secou.

E essa laminha, melequinha que ficou
sujou a vala, o buraco e calçada
destruiu o jardim e apagou as pegadas
do ladrão e da vizinha
...quem vai saber.

Aquela flor que restou, danificada.
sem pétalas e desperfumada
ainda assim é flor.
E na minha flor, a chuva passou.

Dentro da bolsa tinha um cordão
de amarrar caquinhos e fazer cor,
um guarda-letras, compacto, com arruma-dor
um coração quebrado e uma cola-bastão.

Dentro da bolsa tinha uma moça
que agora está sem pertences e molhada
que perdeu um amor, perdeu a fala
e o medo de dizer que não faz falta.

Eu vejo o sorriso de quem passa
e a limpeza do meu coração.
Sorrindo, eu observo da sacada
a chegada do verão.

domingo, 9 de outubro de 2011

A cafeteria

Quanto andei procurando consolo
e um balde
pra vomitar essa coisa que me toma:
Rejeição, é o nome
e meu corpo não aceita
ninguém aceita.

Estrumes-sentimentos
ficaram.
Eu comi e não me alimentei
desidratou por lágrimas
a reação foi a pior possível.

Eu comi você inteiro
e como é indigesto,
não desce e não sai.

O sabor era incrível,
mas os olhos não podem pecar.


Quanto mais eu ando
mais o alívio parece distante
não há vacina nem anticorpos.
Todos adoecem,
eu vejo intensamente.
Não sou exceção.


Eu preciso de um balde!
Mas parece impossível .
Um consolo, um café ,
mas quem é doutor?
Por favor, somente vá.


Estou cansada
e a porta da cafeteria,
agora,
aparece aberta aos amantes.
Aqui eu resolvo os problemas.
Aqui saiu esse poema.
Aqui você sai de mim.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Santo Sentimento II

II


Eu pedi à Santa Alegria
o que as virgens têm pedido.
Não foi casamento nem marido,
mas sim um par de olhos
para enxergar os partidos.
Pois a pureza não habita os íntegros,
que já são completos,
e da verdade vêm fugidos.



O Segundo poema da série "Santo Sentimento", que vou mostrando aos poucos. *_*

http://retratopranana.blogspot.com/2011/02/santo-sentimento-i.html

domingo, 11 de setembro de 2011

O peso da ansiedade

Mais que o peso do meu corpo,
é a ansiedade que carrego.

Sentada neste parque de grama jacobina
não consigo esperar o tempo próprio,
muito menos esperar crescer o cenário bucólico
que os poetas desenham para um grande romance.

Nem a chuva, que um dia irá chegar
e transformar essa esperança seca em realidade,
como esperar?

Ponho-me a andar
como uma forma de esgotamento,
mas a ansiedade é um bicho sem pernas
que não anda sozinha
e ataca meus pensamentos, minha sanidade.

Eu vejo as pessoas tranquilas
aparentemente.
E tento disfarçar meu peso,
mas já vestiu a minha cara
e a minha pulsação.
Sou de cem quilos
de pensamentos frenéticos.

Tomo uma pílula de calma.
Volto a me sentar
e o tempo que não passa
passa a me controlar.

domingo, 4 de setembro de 2011

Depois do longo inverno

O que me falta nesta vida, senão um gole de poesia. O que me falta nessas palavras, o que é a inspiração. O que falta em mim, senão a mim mesma; quando me pego fraca, caindo presa. O que me serve e me alimenta, senão as palavras que me falam os pensamentos. O que me falta e o que me ganha, é o mesmo que me apanha, que me salva e retém. O que me falta nesta questão, senão a resposta já sabida.
O menestrel da minha vida.
o meu mar de bem.



Vinde à mim a poesia
vinde, que te quero bem
Que a dor já foi embora
Que frio já está passando
Que os amores estão voltando
E os milagres operando
para me salvar.



Estava com tantas saudades de casa.
É bom voltar!

domingo, 10 de abril de 2011

Dia de outono

Enfia a mão no meu peito e aperte meus sentimentos,
mas não quebre e não mate
nos congele.
São suas escritas que falam quando está dormindo
e dizem coisas que meus olhos sentem.
Vejo coisas e outras que o coração assente,
e que não se sente só.
Mas não acorde abruptamente,
que os olhos sonham acordados.
Nós não vamos sair de casa nesta fina chuva,
não existe o tempo nesta cama quente
só a vontade de ficar parado em miúdos
de felicidade em um outono carente.



Dedico este poema às tardes de chuva destes dias regidos com poesia, café e amor.



quinta-feira, 17 de março de 2011

Perdas

O brilho dos seus olhos. Foi no brilho dos seus olhos que eu me perdi e me apeguei, segurei para não cair e tropecei. Quase machuquei, mas você estava ali me segurando, mas não me deu um rumo e eu continuei.

Foram as suas mãos que se perderam no desejo. No desejo carnal de não respeitar o desejo moral. Na carne desejada sem o respeito moral. Perdemos-nos.

Os conflitos. Nos conflitos da minha cabeça eu duvidei e me perdi, tateei no escuro e me desesperei, eu não conhecia o futuro e me afastei. Você esclarecido se questionou e se assustou. Na certeza que tinha antes, se desesperou e se perdeu.

Procuramos-nos nas ruas, nas avenidas, nos rostos de outros rostos, nas barracas, nas laranjas, na goma, na cama em tudo e no todo, mas só achamos a dúvida. As coisas não existem, só vemos o que imaginamos. Nos perdemos na imaginação.

E o brilho dos seus olhos. Foi no brilho dos seus olhos que eu me achei e me desapeguei, soltei as mãos e me levantei. Machuquei-me, mas você esteve ali me segurando, sem me dar um rumo e livre não tive como ficar.

É o ciclo que se fechou e as perdas que ficaram. Descobri que não sei perder. E tudo o que fiz foi ficar me perdendo ...(com você).


domingo, 6 de março de 2011

A arte em você

Você se apresentou como sendo sério de gravata, lotado de grosseria e rigidez. Mas eu te vi como fonte de sensibilidade e ternura, pelos seus olhos e no aperto de mão. Eu te vi e descobri um ser que você desconhece, lotado de poder artístico, de palavras e rimas cotidianas, que combinam a gentileza de abrir a porta com a diversão da risada estranha. Eu te vejo muito maior do que o futuro lhe mostra e não preciso ser vidente. Eu te vejo poderoso, alto e bonito, seu verdadeiro você. Não estou falando de conceitos pré-definidos, estou falando de muitas coisas escondidas no bojo da humanidade que não se reconhece. Eu te vejo em constante arte, porque você também é artista e ser artista não é estar nas novelas ou magazines. A arte está em sentir e não se calar, em negar as vendas do ego e colocar para fora a beleza que te sufoca. E a sua arte vive em uma prisão de ideias falsas e falhas, que vive dando manifestações de tormenta e anseio pela liberdade.

Liberte-se para o mundo verdadeiro que te quer. Liberte-se e deixe de ser o ideal dos outros para ser o seu verdadeiro eu. Liberte-se para fazer P.arte de você.
Liberte-se e me banhe com sua poesia.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Santo Sentimento I

-I-

Eu não rezo ao Sofrimento
Não o tenho em altar e patuás
Não o cultivo em lamento
nem em dor e lágrimas.
Eu conheço o santo que rezo.

Se deitas e choras,
alimenta a agonia
teu santo te responde,
Por isso é milagre.
Pedes ao Santo, mas não vê a graça.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A última gota

Olá queridos e queridas, como passaram de ano? Passei com saudades de muitas pessoas, do blog, da poesia que encontro por ai, mas também foi bom para pensar em muitas coisas. Bom, essa abaixo é a primeira do ano e espero que gostem. Um beijo e um cheiro. XD





Foi o último pingo que caiu em mim
da goteira que era meu Ricardo.
Pingo gelado e transparente,
um pingo bem pingado.

E um dia foi o cojunto torrente
foi cachoeira, foi o mar inteiro
caindo da ribanceira,
dos nossos sonhos e do nosso calor.
Foi mera expectativa de um grande...
ahh.

Fechou a torneira, quem fechou?
Serviço mal feito, que ficou
Pingando em meu peito, por favor
Não molhe meu rosto
Não molhe meu rosto.

E pinga, pinga e pingas
Gotas de todos os gostos
Gostos de todas as gotas
Gotas de todas as grotas
Gotículas ridídiculas.
De dar gota.

Até que olhei no fundo do fundo
Ela se desprendeu vagarosamente
até o último fio e caiu
tão intensamente
com a força de sempre e sempre,

Só pude sorrir.