quinta-feira, 30 de abril de 2009

Dor de cotovelo

Esses dias eu levei um tombo que me custou a paz da semana inteira. Caí de lado e bati o cotovelo. Como me falta carne nessas horas, como penso na minha mãe pedindo pra eu comer. Fiquei deitada no chão como se fosse consolo. Ainda bem que só duas pessoas viram e fingiram, na hora, não rir. Só que eu fiquei rindo por fora e chorando por dentro de tanta dor. Disfarcei e me levantaram. Eu não sabia que dor de cotovelo doía tanto...

Ahh se ele me desse bola.

domingo, 26 de abril de 2009

O povo e o pavão



E o povo ficou de olhos arregalados,
mas o pavão nem se prontifica.
O menino fez o passe
e o pavão pegou a fita.
Saiu correndo assustado
de tanta gente esquisita.

O povo chateado,
só queria conhecer
o pavão preocupado
queria desaparecer.
No final, cada um pro seu lado
e uma foto pra não esquecer.

Das tripas coração

Mais uma vez estava tudo bagunçado, não só o meu quarto. De um lado, o amado. Fruto de um amor impossível, mas mais que tudo querido. De outro o amante, fruto da macieira, que desvirtua e cultiva a paixão. E no muro o meu coração, que olha de um lado pro outro indeciso, que escorrega às vezes num desaviso e fecha os olhos querendo a solidão.

O meu Amado tem bom gosto, tem estilo e bom posto. Sabe das artes e das línguas, tem humor e até uma ginga. Diz dos bons livros e das músicas mais eruditas, mas fala das gírias e até das gurias com quem ele já se relacionou. Diz que sou bonita e que me quer, diz que terei o posto de sua mulher, porque sou perfeita pra o feito. De maneira que os filhos serão direitos e não darão desapontamentos. Que o meu nome rima com o seu. No entanto, está tão longe que eu não sei até que ponto a verdade corresponde às palavras por ele dita. De tudo isso não age, é inseguro e desatento, mal me deu uma flor. Fica esperando que eu eleve seu ego ou que eu tome atitude como colo materno, mas o meu colo não é. Tem ciúmes da minha sombra e quer que eu venda a liberdade pelo carinho, mas liberdade não se compra. Não sabe nada de amor.

O meu Amante é danado. Sempre pontual e nunca chato. Não sabe nada de astrologia, muito menos de economia, mas sabe todos os modelos de carros, futebol e anatomia. Sempre com uma rosa a me presentear. Olhando feio pros caras que ousam me paquerar. Não reclama quando eu não tenho tempo, só lamenta o momento. Puxa a cadeira pra eu sentar. E quando eu estalo os dedos, ele aparece com uma piada nova a me alegrar. Sempre pronto pro romance, mas não me cobra os outros lances. Porém ele é deseleixado, daqueles que tudo é de bom grado. Não estuda nem tem ambição. Qualquer coisa é motivo de zueira, tudo vira asaração. Diverte-se em outros risos, some e nunca dá um aviso. É da noite e não conhece a solidão.

O meu Coração já sofreu demais em ficar só e agora vive um impasse que não podia ser pior. A dúvida é a traição mais reticente, que por falta de um ponto tem três. Não digo que não me sinto aliviada, porque da solidão não é mais criada, mas a sorte só apronta aos meus princípios. Ou eu aprendo a voar, e saio desta tocaia ou faço das tripas - este - coração.

sábado, 25 de abril de 2009

A fingidora

Duas postagens para um dia parece muito, eu sei. Mas ainda não falei o que me vêm a garganta. Ainda ontem eu assisti uma entrevista com o poeta Ferreira Gullar. Magnífico! Ele me contou de quando descobriu o que era poesia e descreveu a cena. Não cabe aqui relatar, mas cabe dizer o que eu senti: "eu não sei o que é poesia". Escrevo alguma coisa porque as lágrimas não bastam, porque o sorriso não basta, porque o sonho não basta ser sonhado. Se não escrevo, desenho. E muitas vezes desenho, choro, escrevo e saio correndo. Às vezes só escrever é significativo.

Mas sabe, eu não decorei nenhuma das tantas, eu não decorei nem a minha preferida - que Caeiro não me ouça. Eu não sei contar as rimas, maldita métrica! Muito menos de cabeça... Eu não sei rimar. Eu sei que minhas mãos pulam pra linha de baixo e quando vejo já tenho uma estrofe. Que as palavras vêm afobadas e ficam piscando nos meus olhos a ponto de me deixar sem pensar em qualquer outra coisa e de repente vão embora, mas elas sempre voltam. Tem umas que nem saíram da minha cabeça ainda. Que eu olhei pra mulher negra e fiquei tão feliz que fiz um poema pra ela, sem ao menos conhecê-la. Ou quando invento uma dor ou um sentimento que não sinto ou que sinto e finjo não sentir.

Eu sei que sou uma fingidora, que finjo tão completamente que chego a sentir que é dor... e os que lêem o que aqui escrevo, espero que a dor lida sentem bem, não as dores que eu tive, mas as que vocês não tem.

Eu sou meu poema e poeta. 
Eu não sei quem sou.

O violino


À minha amiga Mariana, que com seu violino me encanta e de quem eu tanto tenho saudade.


Eu vi
o violino me encantando com o seu tocar.
Ouvi,
a mais bela das mais belas sonatas.

Oh! Violino vil
Ensinastes-me a fazer parte
do prazer de flutuar.
Sentir
as notas em cada célula chorar.

Oh! Violino como ousas?
Fazer meu corpo anestesiar?
Boquiaberta, desconexa,
Arrepiada,
nos pêlos , o cabelo,
minha pele, minha alma,
Meu amor.

Se, volto aqui toda noite
para te ouvir em consorte,
é porque me deixa forte
E me faz feliz.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Hey, Bungalow Bill

Código Penal - Art. 121 matar alguém - pena: reclusão de 6 à vinte anos. Quando diz "matar alguém" se refere a tirar a vida biológica de alguém. O Estado diz: "Hey você, não é permitido tirar a vida de ninguém, se fizer vai preso, entendeu?" e essas são as regras da socidade, todo mundo aceita, e não questiona. Mas eu pergunto: Pode o Estado tirar a vida de alguém?

Quantas representantes do poder público agem como se tivesse o poder de decidir quem será o próximo alvo, rasgando o que eles pateticamente protegem, a lei. Não digo todos, mas alguns e como a injustiça manda, toda classe paga pelos pecados do mesmo. Sinto-me como se fosse o leão e eles à caça de algum delito cometido por mim. Que pago meus impostos e que, as vezes, quero sair pra beber com os amigos.

E quando o Estado pega o infrator e o coloca num lugar desumano, sem condições de vida e dignidade junto com outros infratores que cometeram outros tipos de delitos, uns mais perigosos e outros menos, uns culposos outros dolosos. Todos juntos a pagarem por suas penas. O Estado os tira a liberdade em tese, porém lhes tiram a dignidade de viver como gente matando seus anseios pela vida. Leões em jaulas que vivem nas leis da selva, as leis da sobrevivência. Se eles não compactuam com as leis da sociedade a culpa é de quem?

Está tudo errado e todo mundo fecha os olhos, mas eu sei que um dia tudo isso vai explodir e ai teremos uma revolução.

Enquanto isso eu vou cantando: 

Hey, Bungalow Bill
What did you kill
Bungalow Bill?

sábado, 18 de abril de 2009

Sol


Sol, saia agora do meu corpo
porque a escuridão dói demais
ilumine as janelas afora,
pois a literatura não satisfaz.

Saia de mim e leve-me a supremacia.
Peça que olhe pelos filhos teus.
Filhos de Sol, sem pé e de fé pagã,
que chora calado feito chuva de manhã.

Há tanto sol nos arredores
mesmo editado na minha essência.
Ilumine a esperança torta
Para que em dores haja clemência.

Saúdo-te Oh Helios!
Na abonança da verdade.
Faça de mim instrumento,
que derrete o ouro da maldade.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O que faz mulher chorar?




Um motivo que faz a mulher chorar é a falta de romance antigo. Esse romance moderno é chato e fast food. Elas não querem jóias caras, isso compram com seu dinheiro. Elas querem a velha valsa na chuva. o buquê de rosas vermelhas no trabalho, um cafuné desavisado. O que faz a mulher chorar é a falta de amor e a falta de se amar.






Eu mais que tudo quero um romance. O resto eu vou correndo pra não perder o bonde...



"Mulheres chorando" - Pablo Picasso

domingo, 12 de abril de 2009

Já de noite

Resolvi voltar andando, já estava noite e muito calor. Os estranhos me acompanhavam pela calçada e do outro lado também. Todo mundo espera um romance numa noite de lua cheia. Os fones de ouvido ritmavam meus passos, sempre apressados como se eu caminhasse à alguma surpresa, porém, apressados pelo medo de algo ruim acontecer.

Caminho em direção a minha casa por obrigação, mas com o sentimento de que qualquer desvio seria bem-vindo. Estou cansada de ter que todos os dias repetir os mesmos passos, cansei de ter o mesmo corte de cabelo e não ter dinheiro pra mudar, de ter as mesmas roupas, o mesmo tênis, a mesma mentalidade fútil de acreditar que essas coisas podem melhorar alguma coisa na minha vida. O que dói é que eu sei que pode ser fútil, mas eu realmente acredito. Essa insatisfação hospedeira que se alimenta da minha carne e da minha luz faz com que eu vire minha cabeça para a bela vitrine da moda e sinta: eu quero! 

Como posso saber que estou sendo induzida a tudo isso e ser fraca demais para negar? Mesmo sabendo do caminho mais certo desta estrada que é o querer, eu não consigo não pensar no meu ego. Eu preciso de todas essas coisas pra viver na sociedade vitrinista que é a Paulista. As pessoas são o que elas se apresentam ser. O que elas escondem no íntimo, são os  seus monstros dominados querendo sair. Eu tenho vários monstros.

Eu sei que sou muito mais que roupas e rótulos, mas procuro ocupar meus sentimentos com o que a sociedade me serve e infelizmente nem tudo é bom. O que eu não sei se quando estou exposta eu aparento aquilo que quero ser, ou melhor, aquilo que sou. De outra forma, essa importância não é tão importante, porque não me impede de seguir, além da esperança que as coisas vão entrar nos eichos, que tudo não passa de uma crise mundial. Um velho maltrapido acabou de sorrir pra mim. Estou voltando pra casa outra vez.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Depois do almoço

Depois do almoço é sempre triste, todos os arrependimentos alimentares montam nas minhas costas e me prendem no sofá. O ócio talvez seja o meu melhor aliado, porém é também amigo da depressão, assim, vivo na corda bamba entre o prazer e o desespero. Isso tudo porque nós pensamos que podiamos dominar os sentimentos e os sentidos, toda via, não dominamos nem as nossas pernas. Cresci acreditando que o homem era o animal racional e que fazia sua história. Agora, vejo que a história é muito mais triste do que gloriosa. Há aqueles que sustentam a teoria de que pra ganhar é preciso perder, mas eu vejo que perdemos muito mais do que ganhamos e quando isso acontece, a perda é em dobro mais agressiva.

Até que ponto essas facilidades que nos fascinam é boa? É a coisa que eu mais quero saber, uma das, na verdade. Porque eu quero saber de tanta coisa que o google não me diz, ou não quer dizer. Eu consegui virtualizar meus sentimentos. Virtualmente eu sou mais feliz. Eu sou bonita, inteligente - todo mundo é inteligente quando se tem uma aba do google aberta - eu tenho carinho e sou amada, todo mundo me ama. Mas ao mesmo tempo  o abandono que canta nos meu ouvidos virou a trilha sonora dos meu dias. Tudo está mais fácil, porém vivemos (porque eu não sou a única a sentir isso) em uma galática crise existencial.

Queria eu ser dominadora de sentimentos e sentidos. Não somos, homens, não somos. Dominamos nosso conoscivo, porém negamos com todas as forças a sentimentalidade. Eu não adoeço mais quando vejo alguem pedindo esmolas na rua, eu nem ligo. E quando alguém grita? Será que eu escuto? Eu só ouço aquilo que me convém. Estou com saudades do radinho de pilha que não tive. Cansada, ligo o meu computador e vou ver quem entrou no meu orkut antes de estudar. Acho que comi demais.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

De manhã

Todo dia eu acordo com aquela sensação de que dormi duas horas, tomo meu café amargo com gosto de 10 horas da manhã, esfrego os olhos como quem não quer ver que acordou e que o dia começou. Não necessariamente espero que o dia me receba bem, mas ver o sol da minha janela já é uma boa distração pra quem sonha com um mundo melhor. Eu não sei porque me coloco em situações que sei que não vão me agradar. Eu não sei porque insisto em esperar por você, o que fizestes pra mim que me faz ficar presa?Eu não sei.

Sempre voei mais alto que todas as mulheres, nunca amarrei meu burro, tatuei a liberdade em meu corpo e a minha independência, coloquei num pedestal. Agora vem você, com cara de quem não quer nada, que precisa de ajuda e está carente, até fez cara de quem goza de tristeza e que só a minha superioridade pode ajudar. Me disse palavras doces, amaciou meu ego, pegou no meu ponto fraco e se segurou quando parecia desmoronar. Agora, eu me mostrei pra você, me desarmei. E desde então, cortei minhas asas, botei num potinho minha liberdade, para viver você. No entanto, estou aqui esperando que cumpra suas promeças.

Você me cobra pra eu não olhar os outros caras, mas cadê você perto do meu olhar? Diz que quer me ter todos os dias, mas cadê os dias no seu querer? Eu, particularmente, nunca achei certo cobrar as pessoas. Acredito que todos tem consciência de seus cativos e responsabilidades, mas eu não consigo dizer um oi sem pensar em todas essas cobranças.

Promessas não deveriam existir. Não num mundo racional como o meu e eu não acredito que acreditei nos contos que eu mesma repudiava. Pior que eu tenho consciência de tudo e me reporto como se não soubesse. Fingir pra quem? A dor só não é maior que o gosto destes pensamentos no café da manhã. Ligo a tv, repouso minha cabeça no braço do sofá e nesta hora eu sou feliz.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Agora veja

Eu fiz de você minha verdade
A minha mentira mais ardente
meus sonhos materializados
meu amor atinente

De longe me chama e me adora,
mas não me leva embora
diz que não tem por onde
diz que é pra esperar.

Agora veja,
eu me guardo e me agarro
a um suspiro retrato
disposto na imaginação.

Agora veja,
minha face angustiada
esperando na calçada
um sentimento pagão.

Agora veja,
não sou dona dos sentidos
espero você aqui comigo
pra celebrar a solidão.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Essa é a verdade mais mentirosa que já me contaram

Assim, me disseram que o homem é um animal racional. Se precupa com a sua sobrevivência e com a sobrevivencia dos demais que ama. É sincero e verdadeiro com os sentimentos, conserva a justiça e a liberdade como princípios primordiais no seu caminho. É leal aqueles que deve gratidão e àqueles que ama, mesmo gratuitamente, sim ele ama gratuitamente. Não deixa que seu interesse pessoal se sobreponha aos interesses daqueles que ele quer bem. Ele se preocupa com o mundo em que vive, e por isso faz de tudo para cuidar do mesmo. Ama a natureza. Não se irrita quando contrariado a ponto de ser rude com os que não tem nada a ver com a causa. Sabe dizer obrigado. Não é avarento, não é mesquinho, e criou a cordialidade porque está na sua natureza. Sim, o homem é racional.
Feliz primeiro de abril.