sábado, 25 de abril de 2009

A fingidora

Duas postagens para um dia parece muito, eu sei. Mas ainda não falei o que me vêm a garganta. Ainda ontem eu assisti uma entrevista com o poeta Ferreira Gullar. Magnífico! Ele me contou de quando descobriu o que era poesia e descreveu a cena. Não cabe aqui relatar, mas cabe dizer o que eu senti: "eu não sei o que é poesia". Escrevo alguma coisa porque as lágrimas não bastam, porque o sorriso não basta, porque o sonho não basta ser sonhado. Se não escrevo, desenho. E muitas vezes desenho, choro, escrevo e saio correndo. Às vezes só escrever é significativo.

Mas sabe, eu não decorei nenhuma das tantas, eu não decorei nem a minha preferida - que Caeiro não me ouça. Eu não sei contar as rimas, maldita métrica! Muito menos de cabeça... Eu não sei rimar. Eu sei que minhas mãos pulam pra linha de baixo e quando vejo já tenho uma estrofe. Que as palavras vêm afobadas e ficam piscando nos meus olhos a ponto de me deixar sem pensar em qualquer outra coisa e de repente vão embora, mas elas sempre voltam. Tem umas que nem saíram da minha cabeça ainda. Que eu olhei pra mulher negra e fiquei tão feliz que fiz um poema pra ela, sem ao menos conhecê-la. Ou quando invento uma dor ou um sentimento que não sinto ou que sinto e finjo não sentir.

Eu sei que sou uma fingidora, que finjo tão completamente que chego a sentir que é dor... e os que lêem o que aqui escrevo, espero que a dor lida sentem bem, não as dores que eu tive, mas as que vocês não tem.

Eu sou meu poema e poeta. 
Eu não sei quem sou.

Um comentário:

  1. Não faça, guria, duvidar de mim mesmo, pois sou capaz de crer que tão bom poeta sou quanto dos quais fala, mas sei bem não ser verdade, mas sei tanto quanto a ti, que para bom poeta ser, conhecer português, como obrigação patriótica, é necessário, mas tão essencial quanto esta, é necessária a inspiração que floresce de um dos nossos cinco sentidos ou o maior e mais inexplicável de todos: O músculo "operário"; O coração.

    Obrigado pela visita ao Templo de Netuno. Espero que volte e quando voltar espero pelos teus comentários, como fizeste dantes.

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