domingo, 31 de outubro de 2010

Do querer e da miopia



I
O mundo é mesmo muito estranho, na verdade, as pessoas é que são.
Cada dia que passa eu me sinto menos a vontade no mundo e cada vez mais estranha.
Tenho observado a dinâmica de fatos que aconteceram em minha vida nestes últimos períodos e vejo que quanto mais envelheço, menos sei tomar decisões. Já me disseram que é porque penso demais. Pode ser.
Como eu digo "eu te quero" à alguém? Poderiam me dizer: "dizendo". Mas seria fácil se não houvesse outros fatores que precedem as palavras. Como eliminar a insegurança? (Nota-se que aqui não se trata daqueles casos em que há a exteriorização dos sentimentos e sim um relacionamento nublado)Como eliminar as certezas que se voltam negativamente para esta decisão? Racionalmente falando, é o mesmo que apostar em um cavalo trípede.
Fora o orgulho de não aceitar que não é o bastante, o egoísmo nunca aceita uma rejeição.
Da mesma forma, como dizer "eu não te quero" sem magoar alguém que te quer?
É péssimo.



II
Comprei um óculos. Não porque quero ser legal, mas porque não vejo mais as formas de longe. Eu sei o que elas são, reconheço suas cores, mas não seus detalhes. Achei que podia conviver com isso, até o dia em que não pude ler e ter uma opinião. Até hoje não a tenho e nunca mais terei a oportunidade.
No fundo, eu sei que esta miopia é muito mais extensa do que os meus olhos podem entrever. Realmente eu vejo muito nítido o que está em minha volta, mas a nitidez não importa para aquilo que está longe? Como pude viver míope para aquilo que eu não consigo tocar, posto estar longe. Acho que neste mundo, principalmente neste país, estamos todos míopes. Eu coloquei óculos em meus olhos e vejo um mundo muito mais claro e poluído. Mas não sei onde encontrar óculos para curar esse distúbio socio-visual. A conscicência parece que não ter orelhas nem nariz, como sustentar as hastes e a lente?




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe sua alegria após o sinal, biiiiiiiip!