quinta-feira, 6 de maio de 2010

A minha Velhinha

Um doce. Essa era a definição mais apropriada para a minha Velhinha. Ô gente, nunca se viu na terra pessoa mais bem humorada. A velha acordava feliz e dormia sorrindo. E quando alguém lhe fazia um desagrado, é claro, ela ficava triste, mas jamais com raiva.

Tinha que ver aos domingos, a família toda reunida na casa dela, era gente jogada no sofá, nos quartos, na cozinha, na varanda...Também, o que era de filho, neto, cunhado, namorados das netas, namoradas dos netos, amigos das família, cachorro, primo distante, primo do genro, coletivo.

As tias na cozinha pra fazer os quilos de macarrão, a maionese e o frango assado. Delícia. Os tios na varanda tomando cerveja e dando risada. As crianças na praça brincando. Volte e meia surgia um arrancarrabo e as mães iam furiosas bater nos filhos, mas a velhinha não deixava. Se colocava em frente e os danados todos rindo debaixo da saia dela. Eu já me livrei de várias surras assim. Os aborrecentes ficavam na sala vendo tv, entediados com o programa de família ou então jogando algum vídeo. As primas aproveitavam para fofocar nos quartos, fazendo intrigas. Sem contar o cachorro, vira-lata que só. Quando não fazia bagunda, era ele a própria bagunça.

O Vô ficava só olhando, rindo e chamando atenção em caso de extrema necessidade. "Ô baianada", ele dizia.

Era sempre muito assim, era tudo muito legal. Até que as crianças foram crescendo, alguns foram dando outras prioridades na vida, outros se separando, outras pessoas de afastando, mudando de cidade ou até sei lá o que, e as vidas foram morrendo. E o que sobrou?




Sabe, ontem eu sonhei com a velhinha. Ela estava toda de branco, linda, rindo com um pano branco na mão e desse pano branco saíam coisas bonitas e coloridas. Ela me disse pra não me preocupar, que daquele pano branco só iriam sair coisas boas, para nós.


Assim como eu acredito no sorriso de cada dia, eu acredito na minha Velhinha.

Saudades (L)

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