terça-feira, 1 de junho de 2010

O domingo de romance

Eu não entendi muito bem porque ela estava falando da diferença entre o sentimentalismo convincente e o realismo sentimental. Pra mim, aquelas palavras não faziam o menor sentido. No entanto, eu olhava aqueles olhos castanhos perfeitamente alinhados, os cabelos médios repicados de leve, que vinham até metade do seio milimetricamente desenhado, a boca carnuda desidratada, as coxas grossas, porém pareadas, os dedos retinhos, o cheiro de alfazema, um corpo genial.

Mal podia eu pensar que estaria com ela assim,nos meus braços. O ônibus balançava muito e era uma ótima oportunidade para mostrar que ela podia se apoiar em mim.
Foram apenas alguns minutos e meu pensamento a tratava com toda eternidade de sentimento. Eu queria casar com ela. Sim, naquele instante era a mulher da minha vida. A luz do sol refletida em seu semblante me mostrava que não havia outra alternativa. Eu a amava diferente do que já amei.


Eu sabia que ele não estava prestando atenção no que eu estava falando e que não tirava os olhos dos meus seios. É, os homens tem essa feia mania,mas se eu fosse me ofender com tudo... Eu me sentia tão sozinha e ele apareceu tão disposto. Disposto a quê? Só podia ser sexo, como todos. Mas era diferente. Eu vi, quando me abraçou, figindo me segurar, tirando uma casquinha do meu perfume. Confesso que me senti segura e o cheiro másculo de seu pescoço me incentivava a continuar.

Não sabia exatamente onde ele estava me levando. Não sei como confiei em alguém que há pouco conhecia, mas tudo era tão vivaz e o meu sentimento de vivências, me fazia destemida. Paramos em um lugar muito grande e esverdeado. Já sabia onde eu estava, em um belo horquidário. Vimos pássaros e árvores e o ar puro de sentimentos não tão puros assim.


Ela ficou feliz em ver as orquídeas. Toda mulher gosta de rosas e orquídeas. Sei que ficou impressionada quando eu peguei um ramo e acariciei seu rosto. De olhos fechados, ela dizia que eu estava quebrando a barreira que toda mulher impõe. Ela tinha que ser minha.

Ele pegou em minhas mãos.

Ela ficou apreensiva, senti. Fui chegando perto.

Ele foi se aproximando, aproximando. Até que me beijou.

Então eu a beijei. Não aguentei. E fui beijado de volta.

Não resisti. Tive que beijá-lo também.


Até que o sol se pôs. Tarde Linda, linda tarde. Estavamos felizes e tristes. O dia acabou. Apertamos as mãos, nos abraçamos e fomos embora. Sem nunca mais se ver, sem nunca mais se ter. Sentindo a intensidade de um romance de um dia, mas sentindo a frieza de um romance moderno. Os domingos nunca serão mais os mesmos.


Quem é ela? Eu não sei.
Quem é ele? EU não sei.

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