quarta-feira, 28 de julho de 2010

A sede do mundo

Ponderações
AH! Estou toda inspiração e fico feliz que sejam as pessoas responsáveis. Há muito não escrevia como escrevi hoje e como a vida é bela. =)

Quero agradecer ao meu querido Augusto Dias pelo selo ofertado. Aviso desde já que vale a pena viver seus poemas.

O Poema a seguir é um pouco extenso, um filho de três quilos! Mas não posso deixar de amá-lo como os outros.
Sintam-se.



Poesia

E quando a chuva cai lá fora
uma lágrima cai aqui também.
Eu sei.

É a sede que tem o mundo
de embriagar-se da minha matéria.
É a sede que tem o mundo
Em ver o meu corpo reduzido ao pó.

Os meus seios,
que outrora derramaram leite,
mitigados
à nódulos lânguidos mamários.

O meu suor,
que brigou e correu ao céu,
açoitado
pelo esbranquiçado de minha pele.

E a saliva,
que temperou lascivos beijos,
ressequida
à redenção de rachaduras e deserto.

É a sede que tem o mundo
Em ver meu pó dissolvido no mar.

O mundo quer a fartura do meu corpo
extasiar-se com meu elixir,
mas o prazer é mérito dos puros e poucos
que ousam em mim existir.

O mundo quer desidratar minhas idéias.

É a torrencial vida
que avassala suas intenções nas intenções humanas.
É a conspiração da natureza,
que enseja retomar seus elementos
para criar novos entendimentos
e se desfazer do velho e usado.
É só uma lágrima perdida
um pedaço de mim
que não volta
Eu sei.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Do E

E o tempo que não tem tempo pra mim.
E a complexidade da modernidade.
E o ar que está vermelho.
E a mente que só cansa.
E o amor poluído.
E a lembrança.
E u Eu.
E.




Ouvindo: Alguém Total, composiçao de Luiz Tatit na voz de Ceumar.
"Vem me abraçar, vem
Vem reparar, vem.
Quem é que abraçou quem,
pois vou lhe abraçar também.
Quem quer um pedaço,
um pouco de alguém
Abraçando tem
E ainda mais
Se o abraço for além de um minuto
Aí é fatal,
Envolveu
Você tem
Um alguem Total."

GENIAL, eu acho digno!

domingo, 4 de julho de 2010

Poesia pra ir


Como quem anda a olhos cegos
pelos passos de linhas tortas,
que despidos procuram o reto
por espasmos entre-portas.

O cabelo consome o vento
como o desejo consome a ida.
Meu caminho persegue o intento
de curar a vida tolhida.

Sou eu que vou a ti
com armas de cortar atrito
com flores de cheirar bonito
com lágrimas que não senti.

Sou eu chegando em ti
pra acariciar teu gênio forte
pra me deitar e dar suporte
pra sustentar o que menti.

E de quem chega à peças fracas
Por seguir a estrela D'alma,
olhei na fenda da brisa larga
e vi seus olhos em minha palma.

Eu fui e te vi aqui
Você já estava lá
Amanhã comigo.
Ontem, agora
em todo lugar.




Foto: "To chegando", Série "ComCentro", Santos, 2010.