quarta-feira, 26 de agosto de 2009

A porta

Ele tentou abrir a porta, mas estava trancada. Foi olhar no bolso e cadê as chaves? Elas não estavam lá. Tocou a campanhia, mas ninguém atendeu. Apertou mais uma vez, nada. Ligou na sua casa, tu....tu.....tu...tu...tu, nada. Apertou novamente,nada. Até que sentou no chão e deixou seus dedos ficarem tocando em vão. Encostou a cabeça e tentou dormir, mas pelo visto nada estava dando certo. Só tentativas mal sucedidas.
Só de pensar que era somente uma porta, fina, feita de madeira pobre e de um branco azedo que o separava da sua cama, do seu conforto, do seu chuveiro e da geladeira cheia de leite. Era uma porta que o separava do seu mundo. Nunca tinha imaginado ficar para fora, nunca tinha pensado que um dia poderia não mais entrar.
Seus dedos, agora desesperados, tocavam com tanta força que vermelhos, quase gritam de dor. Pensou em arrombar, mas sabia que não tinha dinheiro pra arrumar e sabia que ela ficaria intensamente furiosa. Seria invasão de domicílio? Bobagens...
Por um momento achou que fosse maldade dela, mas pensou também que seria impossível ela não ter escutando a companhia ainda.
Queria ligar pra ela, dizer que estava cansado de esperar pra ela abrir a porta, dizer que tudo o que ele pensa na vida é em faze-la feliz, mas que as vezes ele tem bobeirisse, culpa dos amigos.
Que a campainha não é só o alarde de seu coração, e que ele realmente a ama.
De repente, a porta abre. Já eram 7:30 da manhã. Ela olha pra ele, ele olha pra ela.
- Você não se cansa de bater?
- Ele ainda está ai?
- Ele mora aqui.
- Ele pode morar nas minhas coisas, pode ter as chaves, eu não ligo...
- Então porque está aqui?
- Porque foi eu quem construiu essa porta e por mais que eu encontre-a fechada, ela sabe que sou eu quem a ama de verdade.

2 comentários:

  1. tirando o final, que é muito profundo, o resto em lembra uma história que se passou com sua mãe.

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