sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O vaso vazio



De repente me vi observando um canto do jardim de minha casa e notei que ali havia um vaso. Há muitas flores e plantas em outros vasos, mas aquele estava vazio.
Fiquei pensando se nesta natureza não há flora suficiente pra habitar aquele triste vaso?! Deixado de lado, a exposição da chuva, do vento, pro que der e vier. Esperando e implorando ser preenchida com o mínimo de terra, adubo, água, semente e VIDA! Talvez seja muito pedir vida ao jardineiro.
O jardineiro tem o controle de todo o jardim. Tenho certeza que a única pergunta que se passa pelo solitário vaso é “Porque ainda estou vazio?”. Eu, sinceramente, não entendia porque do vaso estar ali parado inutilizado. Era bonito, na sua forma e desenho. Com cor vibrante e acalentadora. Um vaso caro e raro, mas vazio. Pra que serve nesta condição?
Avistei o jardineiro perto do pomar e fui ao seu encontro. Este um senhor amável, de corpo gasto, mas juvenil. Com expressão sábia e feliz cumprimentou-me saudosamente:
- Olá bela mocinha que há tanto não passeia por aqui.
- Olá Senhor Jardineiro, como tem andado? E suas queridas plantas?
- Ah! Um jardineiro que mantém com saúde suas plantas, mais feliz não pode ser. Mas para isso é preciso dedicar-lhes muito amor e sabedoria, pois tudo deve estar em harmonia com o universo.
Encantada com as palavras não pude me conter e perguntar:
- Mas se tudo deve estar em harmonia, porque temos um vaso sem planta, como se nada fosse?
-Ah minha jovem, toda planta tem seu vaso e todo vaso tem sua planta, um par. Ele está recolhido à espera da planta que lhe é destinada. Não posso colocar uma planta que não está de acordo, pois feriria a harmonia.
- Mas coitado! Ter que esperar sabe lá até quando para formar um par perfeito. É injusto sentir-se só! Deveria se comprar o vaso com a planta junto.
- Acontece, minha querida, que ambos nascem separados e só o tempo para uni-los. E pode ter certeza que, quando chegar a vez dele, ficarão juntos. Numa ótima posição, com muita luz, sombra, água e etc. Porque quando há a perfeita junção, eles passarão a ser um só ser. E não mais se sentirá sozinho.
- Mas quando a planta morre?
- Sempre haverá uma planta perfeita. É um ciclo e este recomeça até o vaso quebrar.
Fiquei pensativa e assim voltei para perto do canto do jardim, não gostava da idéia de ter que deixar o vaso solitário. Repousada, adormeci ali mesmo acreditando que, se fosse assim, deixaria que o tempo preenchesse o vazio do meu vaso. Outro dia quando retornei ao jardim, havia no centro uma bela e rara orquídea e o jardineiro sorriu.


( Essa foto não é minha, as minhas fotos estarão no marcador "sobre a fotografia")

Um comentário:

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