sexta-feira, 26 de junho de 2009

Grito de um quadrado

Eu ainda não acredito que estou de pijama a essa hora da tarde, mas o mais impressionante é que ele não quer sair do meu corpo. Alternando entre a cadeira e a cama, finjo dar atenção a quadrada tv que, Ah coitada, ela não sabe o que diz!

Os cantos já não suportam mais meu cheiro, as paredes taparam seus ouvidos pra não mais me escutar cantar, muito menos ouvir falar do romance imaginário com um palhaço inglês e a porta, sempre de costas, nunca quer falar de porquês.

Eu poderia escrever um livro, se a criatividade olhasse pra mim e me tomasse o sangue, de canudo se quisesse. Ou um quadro bem quadrado do tamanho deste quarto, retratando o desespero da solidão. Nem se Dalí viesse puxar meu pé a noite, nem se Picasso me picasse.

Por falar em noite, eu não sei mais o que é dia,  o que são horas, o que está acontecendo no mundo ou o que é ser teoricamente tecnológico globalizado. Eu não sei qual a razão de estar aqui.

-Heyy!Alguém me ouvindo? Estou com fome! Desliga esse cara chato que não pára de falar! Heyy alguém me ajuda! Tragam-me café...

Se o céu da minha boca não estivesse rabiscado. Se minhas mãos não tremessem ao levantar. Se o homem pensasse mais na importância que o mundo tem sobre ele e não o contrário. Se as minhas palavras não sofressem repressão. Se meus amigos não sofressem com a ambição pelo poder que Eles têm. Se fossem pessoas dignas e não usassem a retórica pra prejudicar. Se eu não estivesse presa neste quadrado,

Eles sofreriam com a minha IRA, já que aqueles sofrem com o Irã.

Um comentário:

  1. heyy...você está muito revoltada hein? rsrsr
    deu até medo esse "sofreriam com a minha ira" rsrsr

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