domingo, 10 de maio de 2009

Do âmago ao estanho

Vivi uma situação muito "normal" hoje em dia: a ilusão. Que dá o mesmo frio na barriga, a vontade de viver intensamente, de sair correndo e abraçar tudo, dar o mergulho de olhos fechados sem saber o nome do mar. Mas que, quando se mostra te joga no chão, tomando seu peito de sentimento triste e choro, de raiva pelo fingimento alheio, de traição. Essa é a ilusão.

Hoje, nossa paulicéia desvairada vestiu-se de nublado, como seu pretinho básico pronta pra pegar um cine cultura café com paixão. Eu, me vesti de cobertor e meia, veste a rigor caseira, fiz companhia pra televisão.

Desse tudo que foi meu dia, restou a poesia pra me explicar onde está o meu coração.

Do âmago ao estanho
na areia a angariar,
neste mar de sombras tristes,
ter o ânimo de voltar.

Traga você, que me partiu,
- eu não vou buscar -
as velhas vestes varridas
que neste corpo de vida
tantas vezes despiu.

E os cacos que encobre,
são vidros desta areia
que me prende nesta teia
feita de fios de cobre.

Sob as placas de metano
este valor tão mundano,
ainda inflama discreto
chamas do peito aberto.

Esquecer o meu coração
nos seus braços de mal me quer
cheio de vazia solidão
da ilusão que se fizer.

Traga que me pertence
pulso suposto estranho
de desejo que aquiesce
do âmago ao estanho.

Momma someday you'll be so proud of me...

Um comentário:

  1. Mais triste do que estar iludida ou se iludir é a tristeza de não poder nem chegar perto disso, não poder nem amar.
    De um jeito ou de outro a vida é assim e o tempo é a nossa maior cicatriz, o tempo sempre bota tudo no lugar, no seu devido lugar.
    Só quem sofre sabe o que é amar!
    lindo teu texto, lindo mesmo. :*

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