quinta-feira, 14 de maio de 2009

Na praia


Um dia de praia pode ser mais que um sorriso...


Caminhei até a beira da praia e procurei um banco e uma sombra fresca. Ainda bem que existe uma árvore para me abrigar em baixo de suas asas, assim como minha mãe. Longe eu via um navio se despedindo, rumando ao infinito, ao desaparecer.

Uma pomba veio se sentar comigo, me olhou como se procurasse explicação. Respostas eu não tinha, então ficamos a olhar as pessoas encoleiradas a passear com seus cachorros. Lá na água suja da praia cansada, um peixe que dava braçadas descoordenadas conforme o medo de se afogar no raso. O barrigudo de pele clara e óculos escuros, sunga branca e barba preta andava rápido, com falta de ar, se esquecendo de que veio à praia pra descansar.

Uma velha se sentou do nosso lado, vestida com saia de pano de chão e camiseta de político surrada. Olhou-nos como se procurasse explicações. Respostas nós não tínhamos, então ficamos a olhar a criançinha de 50 centímetros que corria pelada pela praia dando 50 mil passos pra chegar à beira d’água.

As crianças do orfanato brotaram nos nossos ouvidos do nada. Olhamos, sincronizados, para o lado e vimos como elas eram felizes por disputar um téco de água no chuveirão, como nada importava naquela hora, a não ser a hora em que voltariam pra brincar na areia e se banhar no mar. Eu tive saudade daquela felicidade. A velha saiu nesta hora, talvez com medo ou porque tinha que fazer almoço. A pomba não fez cara de tanto faz. Uma família feliz passou rindo por nós.

Enquanto isso o louva-deus, verde como a esperança, sentado na árvore, olhava pra mim e via alguém de calça jeans e óculos escuros, branca como a noite e cabelos bagunçados ouvindo Kings of convenience. Eu olhei pra ele como se procurasse explicações, respostas ele não tinha. A pomba voou, o louva-deus ali ficou e eu fui pra casa comer minha melancia e ler Alberto Caeiro.
Foto tirada no Embaré, Santos

3 comentários:

  1. A felicidade se encontra nas coisas mais simples.
    Amei teu texto *-*

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  2. Lindo texto. Sabendo como aconteceu e vendo escrito dessa maneira, faz com que eu fique mais fascinado.

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  3. Olá, adorei a sua desenvoltura em falar do cotidiano, de um dia na praia e principalmente, no como é tão simples viajar em um momento sozinho com o mundo, tão cheio e as vezes tão vazio de significado... Respostas ninguém tem, mas mesmo assim podemos aumentar a lista de perguntas!!!

    Um grande abraço e desculpe a invazão!

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